quinta-feira, 31 de março de 2016

Sonata de Outono - sobre pais e filhos

Diferente do que o sobrenome e a comum naturalidade sueca possam sugerir, a atriz Ingrid Bergman não tinha parentesco com o diretor Ingmar Bergman. Mas chegou o momento em que o talento de uma das maiores estrelas de Hollywood se encontrou com a genialidade do mais cultuado cineasta europeu, no drama familiar Sonata de Outono (Höstsonaten, 1978). De enredo relativamente simples, o filme acompanha o reencontro de Eva (Liv Ullmann) com sua mãe Charlotte (Ingrid Bergman), depois de mais de sete anos sem se verem. O contato inicial já é suficiente para fazer um breve resumo da relação das duas: uma ligação frágil, desconfortável e guiada pelas obrigações sociais entre mãe e filha.
Charlotte é pianista e tinha uma carreira brilhante e promissora quando jovem, viajando bastante e ficando distante de sua família - não só pela obrigação de trabalhar, mas pelo incômodo que sentia em casa. A relação com o marido se desgastara, enquanto que com a filha fora construído um contato débil, reflexo da falta de vontade em desenvolver habilidades maternas e de um amor que queria receber mas não era capaz de dar. A ausência da mãe provocava em Eva, a cada chegada e partida, grande tristeza. Ela chega a afirmar que "não sabia o que odiava mais, se era quando você viajava ou quando estava em casa", indicando que mesmo ficando com a família, o distanciamento emocional equivalia ao físico.
A visita de Charlotte na casa da filha é marcada por uma ansiedade permanente, pelo desconforto que é estar com alguém que em teoria ela deveria conhecer muito bem, mas na verdade é uma completa estranha. Tal desconforto é maior ainda para Eva. Ao mesmo tempo em que ela queria estar junto da mãe, lhe causava dor o contato com ela. Esse confronto traz à tona todas as velhas mágoas, os rancores do crescimento sem o amor e o amparo necessários; a incompreensão mútua, o desejo de agradar uma mãe adorada (pelo próprio papel que a figura materna representa e por ser uma pianista famosa) e ao mesmo tempo odiada pelo mal que causava com sua ausência. Nas palavras de Eva: "eu não podia odiá-la e meu ódio se tornou um medo insano".
A confusão de sentimentos e a tentativa de reprimi-los fez Eva guardar dentro de si, por muitos anos, muita coisa negativa que é extravasada na visita de Charlotte. Em certa altura, o filme vira uma lavagem de roupa suja que só vendo. É nesse ponto que temos as melhores cenas e vemos toda competência de duas grandes atrizes em ação, ambas justificando o grande sucesso de suas carreiras. É um prazer imenso ver Ingrid Bergman, muitos anos depois de sucessos como Casablanca (1942) ainda em plena forma, emocionando (e muito!) os espectadores com sua incrível atuação. E isso em mais um genial trabalho de Ingmar Bergman, que mais uma vez trabalha com psicanálise para chegar ao fundo de suas personagens, abordando aqui um recorrente tema de sua obra: ligações familiares. Em suma: é a soma de enormes talentos. Tudo em Sonata de Outono é bem feito, marcante, memorável. Filme indispensável para amantes da Sétima Arte.

Nota: 10

Luís F. Passos

sexta-feira, 25 de março de 2016

Filmes pro final de semana - 25/03

1. Alien, o Oitavo Passageiro (Alien, 1979)
Pior que o medo daquilo que se pode ver é o terror de saber que você tem um inimigo mortal mas não pode vê-lo. Essa é a chave para o clima de tensão neste filme fundamental para o cinema de ficção científica. Ao pousarem num inóspito planeta em busca de algum sinal de vida, os sete tripulantes da nave Nostromo acabam levando para dentro da própria nave a mais terrível das criaturas: um ser fisiologicamente perfeito, adaptável a qualquer condição de temperatura, umidade etc, muito inteligente e que vive motivado apenas a sobreviver e matar. O filme é absolutamente brilhante ao confrontar um futuro de alta sofisticação científica com um desafio que remete aos primórdios da civilização - a luta pela sobrevivência. Destaque para a forte protagonista, Ripley (Sigourney Weaver), testada física e psicologicamente a níveis extremos por todo o filme.
Nota: 10
2. Rede de Intrigas (Network, 1976)
O anúncio de demissão após mais de vinte anos como âncora de um dos principais telejornais do horário nobre faz Howard Beale (Peter Finch, que faleceu e recebeu o primeiro Oscar póstumo da história) pirar. Desequilibrado, insano e totalmente fora da casinha, ele anuncia no dia seguinte, ao vivo para milhões de pessoas, que irá se matar na frente das câmeras. A reação é imediata: a audiência aumenta a galope, e por causa disso não tiram o jornalista do ar. É aí que começa (ou melhor, se escancara) a canalhice: a vice-presidente de programação Diana Christensen (Faye Dunaway) decide aproveitar a loucura de Beale e lhe dar um show onde ele poderia soltar o verbo sobre qualquer coisa, gritando inconformado sobre tudo, um messias descontrolado e televisionado. Enquanto a reação do público é a mais sincera possível, chegando a gritar nas janelas de casa "eu não aguento mais!", as intenções da emissora são as piores possíveis. É mostrado um mundo de manipulação, mentiras, corrupção e ausência de qualquer moralidade. A sordidez ultrapassa a televisão e é uma realidade também dos executivos, tão sem escrúpulos quanto o sistema que constroem - em especial Diana, encarnação de tudo que a televisão tem de pior.
Nota: 10
3. Tubarão (Jaws, 1975)
Anos antes de Alien, Steven Spielberg já trabalhara com a ideia do monstro que não pode ser visto - neste caso, que passa boa parte do filme oculto. Estamos em Amity Island, tranquila cidade de veraneio da Costa Leste, prestes a ser invadida por turistas na estação mais quente do ano. Quando o policial Martin Brody ((Roy Scheider) decide investigar com mais atenção a morte de banhistas, passa a acreditar que as praias representem um perigo para seus frequentadores. Desacreditado pelas autoridades locais, Brody busca a ajuda do especialista Matt Hooper (Richard Dreyfuss) e do insano pescador Quint (Robert Shaw), um velho lobo do mar, e juntos os três vão juntando evidências, à medida em que novos ataques vão acontecendo. A luta contra um inimigo poderoso e gigantesco é comparável à história de Moby Dick, graças à criatividade e competência de Spielberg, nesse primeiro de seus muitos sucessos.
Nota: 9,0/ 10
4. Um dia de Cão (Dog Day Afternoon, 1975)
Parecia ser mais uma tarde em meio a uma onda de calor insuportável que caíra sobre Nova York, até que dois sujeitos entram num banco e anunciam um assalto. Poderia ser um breve assalto, mas a inexperiente dupla Sonny (Al Pacino) e Sal (John Cazzale) não só não tinha muito jeito pra coisa como tem o azar de encontrar o cofre do banco praticamente vazio - o dinheiro havia sido recolhido pela manhã. O azar dos dois piora ao sair do banco, quando aparece a polícia e por não terem saída, o roubo se transforma em sequestro. A partir daí o filme torna possível conhecer melhor os dois assaltantes e um pouco de alguns dos reféns, com destaque para Sonny, que negocia com a polícia através de um megafone e berra a plenos pulmões os problemas de sua vida - atraindo para si a simpatia da população que ouvia. Baseado numa história real, Um dia de cão é mais um bom exemplo das grandes produções inovadoras e inconformistas dos anos 70.
Nota: 9,5/ 10
5. O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972)
Dizer que este filme é uma oferta irrecusável, fazendo alusão à célebre frase de Don Corleone (Marlon Brando, dando um novo significado à palavra "antológico") nunca vai deixar de ser uma verdade. Prezados, estamos falando do melhor filme de todos os tempos! Me explico: dentre os melhores filmes já feitos, este é o que tem mais alcance diante do público geral. Pra que ainda não conhece a história: os Corleone são a mais poderosa das cinco grandes famílias mafiosas de Nova York. São liderados pelo Don Vito, pai do explosivo Sonny, do cínico  Fredo, da espevitada Connie e do promissor Michael (Al Pacino), que é o único que não se envolve nos negócios ilícitos da família - algo que precisa ser repensado no momento em que o clã é posto em risco. Misturando elementos do cinema noir, do pulp e da tradição italiana, Coppola cria o maior dos clássicos contemporâneos, icônico até Jesus dizer chega e eternamente cativante.
Nota: 10 (pode dar mais?)

quinta-feira, 24 de março de 2016

Blue Jasmine - without a dream in my heart, without a love of my own


Provavelmente o último grande sucesso de Woody Allen e um de seus mais bem sucedidos filmes do século XXI (dividindo espaço com Match Point, Vicky Cristina Barcelona e Meia noite em Paris), Blue Jasmine (2013) é mais uma incursão do talentoso diretor de comédias no território dos dramas. No filme, temos a trajetória trágica de Jasmine (Cate Blanchett, vencedora do Oscar de melhor atriz por este filme – além do BAFTA, do SAG e do Globo de Ouro), em um caminho descendente rumo à loucura após o trágico fim de seu relacionamento com o ex-marido milionário, porém vigarista, Hal (Alec Baldwin), quando este é preso por seus crimes. De uma vida de luxo e ostentação em Manhattan, Jasmine se vê, do dia para a noite, sem um centavo no bolso, tendo que largar toda sua pompa e elegância e assumir a derrota de seu orgulho ao buscar auxílio vivendo de favor na casa de sua irmã Ginger (Sally Hawkins) em São Francisco após um surto psicótico que a levou a vagar pelas ruas falando consigo mesma. A mudança, apesar de não ser bem vinda e nitidamente desprender grande esforço por parte de Jasmine, é sua tentativa de sair do fundo do poço – não é como se ela tivesse mais alguma opção. Porém, as inquietações de sua mente, o remorso, a não-aceitação de sua nova condição e as divergências com sua irmã que é de todas as formas seu oposto, acabam tornando sua vida ainda mais complicada.
Esse não é um filme leve, mas tampouco é exageradamente dramático. Blue Jasmine é, como os dramas de Woody Allen de modo geral, bastante econômico. A história de Jasmine é pontuada por tragédias e humilhações que guiam o clima da trama, mas de forma alguma o filme torna-se melodramático. As sensações que se pode ter perante Jasmine são as mais diversas, mas o mais interessante aqui é analisar todas as nuances de sua personalidade e a maneira como esta se esforça, mesmo que de forma patética ao mentir para si e para o mundo, a manter a glória e a elegância que um dia lhe caracterizavam. Sendo assim, é, mais uma vez, um ótimo estudo de personagem feito por Woody Allen. Particularmente, Jasmine é uma das minhas personagens preferidas do diretor e a atuação de Cate Blanchett é impecável.
Além disso, outros pontos que eu acho bastante interessantes com relação a Blue Jasmine é que, além do colapso nervoso em si, Woody Allen de certa forma recria em sua Jasmine a figura mitológica do cinema Blanche Dubois, da obra A streetcar named desire de 1951. Ambas personagens estão em completa decadência mental, ambas lutam e se esforçam da maneira como podem para sustentar uma imagem que sua condição presente não lhes permite suportar e ambas buscam refúgio na casa de irmãs antes relegadas ao distanciamento. De certa forma, até o término de ambas me parece um pouco similar. Claro que Blue Jasmine não tem a profundidade e sordidez de A streetcar named desire, mas eu acho sempre válido que os clássicos sejam resgatados de alguma forma e contextualizados nos tempos atuais.

Nota: 9,0/ 10

Lucas Moura

Leia também:
Hannah e suas irmãs
Meia-noite em Paris
Trapaça

sexta-feira, 18 de março de 2016

Filmes pro final de semana - 18/03

1. Inside Llewyn Davis (2013)
Os Irmãos Coen contam a história de Llewyn Davis (Oscar Isaac), cantor fracassado que não conseguiu emplacar sucesso, viu seu parceiro e melhor amigo falecer, a família lhe virar as costas e estragou um relacionamento com a mulher que amava (amava mesmo?) Ambientado no Greenwich Village dos anos 60, de onde saíram astros do quilate de ninguém menos de Bob Dylan, Inside Llewyn Davis é um tanto influenciado pela história real do cantor Dave Von Ronk, cuja problemática personalidade era digna de fama. Llewyn é um pobre coitado que sabe que é um coitado ao mesmo tempo que mantém um desdém por tudo e todos, inclusive Jean (Carey Mulligan), com quem teve um caso, Jim (Justin Timberlake), marido de Jean e cantor bem sucedido, além dos vários outros personagens. Mais um filmaço dos Coen sobre figuras fracassadas, dessa vez abrilhantado por uma excelente trilha sonora.
Nota: 10
2. The Bling Ring - a gangue de Hollywood (The Bling Ring, 2013)
O último e badalado trabalho de Sofia Coppola foi baseado num episódio de anos atrás, quando jovens de classe média foram presos por invadir mansões de famosos em Los Angeles e roubar itens de grife que para eles eram verdadeiros tesouros por causa dos donos. Aparentemente, sem necessidade alguma. Mas é isso que o filme procura debater: a futilidade de uma geração. Remetendo a clássicos como Juventude transviada, Sofia mostra a que ponto pode chegar a falta de personalidade, a perda de valores, a desorientação pessoal e a desvalorização do indivíduo e claro, o culto às celebridades. Todos esses aspectos apresentados num filme com as marcas já conhecidas de Sofia Coppola: roteiro bem elaborado, a delicadeza da fotografia, os diálogos ágeis e a trilha sonora que é, no mínimo, impecável.
Nota: 9,0/ 10
3. (500) dias com ela ((500) days of Summer, 2009)
Não, essa não é uma história de amor. A comédia romântica que foge do besteirol americano e conquistou milhões de fãs logo de cara mostra que o relacionamento de Tom (Joseph Gordon-Levitt) e Summer (Zooey Deschanel) não deu certo. Eles se conhecem no emprego, uma empresa de cartões, em que Tom cria cartões (mesmo sendo formado em arquitetura) e Summer, recém chegada na cidade, é secretária. Ele se apaixona logo por ela, mas é meio difícil saber o que se passa na cabeça dela. O filme vai e volta no tempo, viajando pelos 500 dias em que Summer ficou no pensamento de Tom; os bons momentos, as brigas, as muitas vezes em que ele ficou bêbado sofrendo por ela, as situações engraçadíssimas e o que ele levou da relação com a louquinha de olhos verdes. É pra se divertir - ou sofrer - muito.
Nota: 9,5/ 10
4. Ligações Perigosas (Dangerous Liaisosons, 1988)
Esqueça a ideia de que filmes de época devem retratar belas histórias de amor ou intensos conflitos políticos, ou mesmo guerras. O negócio aqui é bem mais sujo. A Marquesa de Merteuil (Glenn Close), ícone de riqueza e beleza, é miserável em termos de escrúpulos. Junto do igualmente charmoso e mau caráter Visconde de Valmont (John Malkovich), ela se diverte seduzindo corações inocentes visando roubar-lhes a virtude e a honra, humilhando as vítimas depois de usá-las. A sordidez do hobby dessa desprezível dupla é posta à prova quando eles escolhem como vítima a jovem Madame de Tourvel (Michelle Pfeiffer), cujo marido partiu numa longa viagem de trabalho. O filme serve como uma rica fonte de estudo comportamental e psicológico de suas personagens, abrindo espaço para o espectador observar os costumes e vícios da nobresa francesa no século 18, no seu mesquinho jogo de aparências e interesse.
Nota: 10
5. Gata em teto de zinco quente (Cat on a Tin Hoof, 1958)
"Nós não vivemos juntos, apenas dividimos a mesma jaula". Ver o filme e esquecer essa frase é mais difícil que ganhar na Mega da virada sozinho.  Tais palavras são ditas por Maggie (Elizabeth Taylor) para seu marido Brick (Paul Newman), jogador de futebol americano entregue à bebida após um incidente no trabalho envolvendo um amigo - coisa que não é totalmente esclarecida e que dá brecha para a suspeita de um caso gay. E por que Maggie disse uma frase tão forte para o esposo? É porque Brick simplesmente despreza a mulher, assim como toda a família, em especial o pai, "Big Daddy" Harvey (Burl Ives), com quem nunca teve boa relação. Bid Daddy está com câncer, não há perspectiva de cura e se preocupa com a possibilidade de deixar toda sua fortuna para o filho mais velho, Gooper, que é uma lesma e casado com uma mulher gorda e chata, e tem vários filhos gordos e chatos. A tensão entre Brick e Maggie e Brick e Big Daddy abre espaço para discussões diálogos brilhantes - afinal, o filme é baseado numa peça de Tennessee Williams, influente dramaturgo da Broadway. Também chama a atenção as espetaculares atuações de Paul Newman e Liz Taylor e claro, a beleza inesquecível da atriz.
Nota: 9,5/ 10

Luís F. Passos

quinta-feira, 3 de março de 2016

Livros para Março

1. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis, 1881)
Marco fundador do movimento realista na literatura brasileira, a biografia do defunto-autor Brás Cubas é o divisor de águas da obra de Machado de Assis. Dedicado ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver, as memórias do falecido milionário Brás Cubas são uma análise sagaz da alta sociedade carioca do século XIX, através das lembranças de um homem cheio de frustrações. Relembrando sua vida com bastante acidez e sem poupar críticas a quem quer que seja, Brás Cubas fala dos amores que não deram certo - "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis" -, da carreira política que não deu certo, da revolução científica que não promoveu por não criar seu milagroso emplastro e claro, do duradouro caso de adultério com Virgínia, que talvez tenha sido seu grande amor. Destaque para o famoso Capítulo das Negativas, em que ele lista as frustrações já citadas, entre muitas outras. Certamente, até hoje é uma das melhores e mais fidedignas análises da personalidade humana de nossa literatura.
Nota: 10
2. O irmão alemão (Chico Buarque, 2014)
O monólogo narrado por um certo Cícero às vezes nos faz parar pra pensar em quão autobiográfico é o mais recente livro de Chico Buarque. Em parte pelo autor revelar a história familiar do filho que seu pai teve na Alemanha, em parte porque a narrativa é envolvente e bastante verossímil. Chico transforma em ficção a história que conheceu a partir de um devaneio de Manuel Bandeira, já idoso, através do qual soube que tinha um irmão alemão, do qual há muito não se sabia nada. A busca feita pela família se tornou material para um romance ambientado na juventude do autor, na época de faculdade, e focada em parte na relação com um pai brilhante, dono de uma das maiores bibliotecas particulares de São Paulo, mas distante de seus filhos. Ao escrever que Cícero tentava se aproximar do pai através da literatura, Chico expõe sua própria tentativa de estreitar o contato com o pai intelectual. Mais uma estrelinha pra carreira de escritor de Chico Buarque.
Nota: 9,5/ 10
3. Orgulho e Preconceito (Jane Austen, 1813)
Eis um livro que foi uma grande surpresa pra mim. Não fazia ideia de como Orgulho e Preconceito é bom até lê-lo. Ambientado numa Inglaterra aristocrática e moralista, o romance acompanha a bela Elizabeth Bennet, segunda de cinco irmãs e de longe a pessoa mais racional da família de um proprietário rural. Diferente da mãe esnobe e das três irmãs caçulas que não têm nada na cabeça, Elizabeth acha que há mais na vida do que bailes, vestidos e belos e ricos pretendentes. A pacata vida no campo ganha agitação quando o jovem, belo e rico Charles Bingley aluga uma propriedade na cidade, junto de sua charmosa e arrogante irmã e do misterioso amigo Fitzwilliam Darcy. Bingley e a irmã mais velha de Elizabeth, Jane, se apaixonam, mas a irmã dele e Darcy se certificam de impedir o romance por achar a moça inferior ao rico rapaz. Decidida a lutar pela felicidade da irmã, Elizabeth enfrenta a arrogância dos supostos oponentes, numa história sobre moralidade e preconceito na austera Inglaterra do século XVIII.
Nota: 10

Luís F. Passos