sexta-feira, 21 de julho de 2017

Filmes pro final de semana - 21/07

1. Que horas ela volta? (2015)
Premiado no Festival de Sundance, foi a aposta brasileira pro Oscar do ano passado. A história é centrada em Val (Regina Casé), empregada doméstica numa casa de classe média alta em São Paulo que há mais de dez anos deixou sua família em Pernambuco em busca de trabalho que lhe permitisse dar melhores condições ao futuro de sua filha. Val praticamente criou Fabinho (Michel Joesas), filho de seus patrões, que nunca tinham tempo para o menino. Quando a filha de Val, Jéssica (Camila Márdila), chega em São Paulo para fazer o vestibular e fica na casa da família rica, acaba o sossego de Val e da patroa. O interesse que ela desperta nos homens da casa e a insubordinação diante da mãe, que considera uma estranha, cria uma tensão que perdura por boa parte do filme, que trata de maneira brilhante de temas como migração motivada por pobreza, relações familiares e a íntima e complexa relação entre patrões e empregados domésticos (mostrando que casa grande e senzala ainda perduram no País).
Nota: 10
2.  A caça (Jagten, 2012)
Lucas (Mads Mikkelsen) é um professor de jardim de infância que ama seu trabalho, é muito querido por colegas e pais de alunos, e adorado pelas crianças. Ele é muito feliz no seu emprego e na pequena cidade onde vive, apesar do pouco prestígio e retorno financeiro da profissão - fatores que pesaram para o fim de seu casamento, anos atrás. A felicidade da vida de Lucas passa a se esvair quando uma aluna e filha de um de seus melhores amigos, devido a uma série de mal entendidos, o acusa de abuso sexual. Num piscar de olhos, arma-se um circo e o professor de personalidade tão doce é visto como um monstro por toda a cidade, sendo vítima de todo o tipo de agressão por pessoas com as quais cresceu mas que em nenhum momento duvidaram de sua culpa. Um detalhe: o filme não oferece ao espectador nenhuma dúvida da inocência de Lucas, o que aumenta o magnetismo da obra. Um dos melhores filmes que vi em 2014.
Nota: 10
3. Ferrugem e osso (De rouille et d'os, 2012) 
Mais uma afirmação da grande qualidade do cinema francês, Ferrugem e Osso pode ser caracterizado simplesmente como uma história de superação. No entanto, não espere nada de emocionalmente apelativo. Este é um filme muito seco e muito direto em sua proposta. Nada de romantismo, apenas a frieza da realidade. As duas personagens em questão devem passar por profundas mudanças, mas nunca soam emocionalmente manipulativas. O envolvimento que temos com o filme é garantido graças a estranha empatia criada pelas personagens e, principalmente, ao talento indiscutível dos atores, tendo Marion Cotillard como o grande nome da produção – e também a segunda melhor atuação feminina do ano passado (perdendo apenas para Naomi Watts em O impossível).
Nota: 10
4. A viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi, 2001)
Esqueça tudo o que sabe sobre animações. Este encantador filme japonês se apresenta num estilo completamente diferente, cheio de magia, envolvente, mas diferente do que estamos acostumados. Chihiro é uma garota de dez anos que está se mudando. No caminho para a nova casa, seu pai pega um atalho, se perde, e eles vão parar numa pequena vila, que parecia ter uma feira montada. Chihiro se separa de seus pais para conhecer o lugar, e quando volta descobre que eles se tornaram enormes porcos. A menina adentra num mundo misterioso ao conhecer uma casa de banhos para espíritos, sua macabra dona e um simpático garoto que é a única pessoa decidida a ajudá-la. É do tipo de coisa que a gente não consegue explicar, mas sente. O filme tem beleza e sensibilidade ímpares. Ótima experiência.
Nota: 10
5. Glória Feita de Sangue (Paths of Glory, 1957)
Considerado o primeiro grande filme de Stanley Kubrick, este drama ambientado na Primeira Guerra Mundial é baseado na história real de um regimento francês que recebeu ordens de dois generais de honra duvidosa para lançar-se numa missão praticamente suicida. Repelidos por soldados alemães, os franceses mal conseguiram sair das trincheiras. A repercussão negativa do fracasso faz com que seja dada a ordem de execução de soldados do regimento. O comandante da tropa, coronel Dax (Kirk Douglas), assume a defesa de seus comandados e inicia uma luta para que nenhum soldado seja penalizado. O drama de altíssimo nível torna-se um manifesto anti guerra, tenso e emocionante. Palmas para Kirk Douglas, palmas para Kubrick.
Nota: 10

Nenhum comentário:

Postar um comentário