domingo, 10 de agosto de 2014

Stanley Kubrick - Imagens de uma vida

Do ano passado pra cá descobri que tenho um carinho especial por documentários, e quase todos que vi nesse meio tempo foram sobre cinema, especialmente sobre diretores. Dentre esses documentários, o que mais gostei foi aquele sobre o diretor que mais gosto, Stanley Kubrick: Imagens de uma vida (A Life in pictures, 2001). O filme aborda toda a vida do cineasta, desde seu nascimento e infância no Bronx, até seu repentino falecimento na Inglaterra, quando o mundo do cinema foi abalado pela trágica notícia de que um ataque cardíaco tirara a vida de um dos maiores nomes do cinema, pouco depois de concluir seu último filme.
Através de depoimentos de familiares e amigos de infância, é construída a imagem do garoto tímido e afetuoso que não se importava com a escola, preferindo ler, jogar xadrez ou usar a primeira câmera, presente do pai quando tinha oito anos de idade. O interesse pela fotografia o levou a fazer pequenos trabalhos durante a adolescência, até que uma foto de um triste jornaleiro pela ocasião da morte do presidente Roosevelt (1945) lhe deu notoriedade e um emprego na revista Look, uma das maiores revistas ilustradas dos Estados Unidos. E ele tinha apenas 16 anos. A partir daí, Kubrick passou a fotografar o cotidiano de Nova York, fazendo ótimas fotos que são admiradas até hoje. Um tema recorrente nas suas fotografias era o boxe, que foi tema de sua primeira experiência no cinema: o curta documentário Day of the Fight, em 1950. Outros dois curtas foram feitos, até que em 1953, com ajuda financeira do pai, Kubrick dirigiu e produziu Medo e desejo, seu primeiro longa. O filme, que falava de uma guerra fictícia numa floresta, serviu de laboratório para o jovem e entusiasmado Stanley.
Detalhes importante da vida do diretor vão sendo contados a partir dos bastidores dos filmes: o primeiro encontro com Christiane, sua esposa, nas gravações de Glória feita de sangue (1957); os desentendimentos com Kirk Douglas durante a produção de Spartacus (1960) e a decisão de ter total controle sobre seus filmes; a rigorosa censura sobre Lolita (1962); os desafios criativos para conceber o inovador 2001: Uma odisseia no espaço (1968); as ameaças sofridas na Inglaterra motivadas pela temática de Laranja Mecânica (1971); as infinitas repetições de cenas durante as gravações de O Iluminado (1980); os muitos anos buscando temas para filmes até começar a trabalhar em De olhos bem fechados (1999) e todos os desafios da produção deste. Além disso, o amor pela família, pelos amigos, pelos animais, o rigor e meticulosidade do trabalho, a obsessão pelo cinema e o esforço constante de se reinventar. As qualidades de um homem tão conhecido por sua genialidade e manias mas lembrado por seus entes queridos como alguém zeloso e dono de um coração enorme.

Nota: 10

Luís F. Passos

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