sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Cassino - a máfia chega a Las Vegas

Cinco anos depois do sucesso de Os bons companheiros, Scorsese traz de volta a dupla Robert De Niro e Joe Pesci, novamente amigos e novamente na máfia. Dessa vez De Niro vive Sam Rothstein, mais conhecido como Ace, jogador profissional envolvido com a máfia desde jovem, que recebe da máfia de Chicago a tarefa de administrar o cassino Tangiers em Las Vegas. Oficialmente, o cassino tinha um presidente, Phillip Green, que era apenas um laranja, mas seria Ace quem mandaria em tudo, afinal poucos entendiam de jogos ilegais como ele, preso mais de vinte vezes por golpes e jogatina. Ace não conseguiria a licença da Comissão de Cassinos para administrar o Tangiers por causa de sua ficha policial, mas nada melhor que a burocracia do serviço público para encobrir crimes, e bastou submeter uma solicitação à comissão e tudo estava nos conformes.
Quando os chefões de Chicago pedem a Ace que arrume alguém para garantir a segurança do dinheiro enviado do cassino até a sede dos negócios, ele chama seu velho amigo Nicky Santoro (Pesci). Nicky faria as vezes de chefe de segurança do cassino, além de ter liberdade para tocar seus próprios negócios na cidade, contando que com discrição; aí vem o primeiro problema. O baixinho tem pavio curto e é ambicioso, e o restaurante que ele abriu para servir de fachada não demorou muito a ser insuficiente para esconder seus golpes e diversos crimes da polícia.
Paralelo a Nicky, Ace estava se tornando uma lenda em Las Vegas. Sua reputação como administrador de cassino era impecável, sabia muito bem entreter os hóspedes e principalmente arrancar dinheiro dos apostadores, mas sem dar na vista que manipulava todo e qualquer movimento feito entre suas paredes. Além disso, Ace tinha um faro infalível para achar jogadores e malandros que tentassem burlar a segurança ou enganar os funcionários e sair cheios de dinheiro - afinal, ele fora um deles - e cabia a Nicky dar um jeito nos espertinhos. A felicidade de Ace parece se completar quando conhece Ginger (Sharon Stone), uma prostituta que perambula pelos cassinos ajudando apostadores a gastar dinheiro e a se divertirem. Os dois se casam, mas o passar do tempo mostra que Ginger era um poço de problemas, desde o seu antigo cafetão até o vício em drogas.
Muitos consideram Cassino (1995) uma espécie de continuação de Os bons companheiros por alguns motivos, começando pela dupla de protagonistas ser a mesma, além das personagens de De Niro e Pesci terem muita semelhança nos dois filmes. Eu vou um pouco além: como no filme de 1990 as coisas acabam bem feias para a gangue, agora eles estão numa nova empreitada, começando do zero no meio do deserto de Nevada. E pode não ser tão bom quanto o anterior, mas Cassino ainda assim é um filmaço. Através da habilidade de Scorsese e das rápidas cenas semelhantes às de Os bons companheiros, vemos toda a sujeira por trás dos ambientes luxuosos e brilhantes da cidade do pecado. A jogatina, a prostituição, as transferências ilegais de dinheiro e a violência usada pela máfia são expostas como os elementos de um submundo que é a base de toda uma indústria do entretenimento. O filme é tão bom, tão intenso, que suas quase 3 horas passam rapidamente mas fica na memória as imagens de uma cidade vibrante, sexy e perigosa, assim como três atuações grandiosas, em especial a de Sharon Stone, vencedora do Globo de Ouro e indicada ao Oscar de melhor atriz.

Nota: 8,5/ 10

Luís F. Passos

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