domingo, 6 de outubro de 2013

Moonrise Kingdom - frescor infantil para adultos

Demorei a conferir o último trabalho do diretor Wes Anderson. Na verdade, acho que demorei tempo demais. Estou totalmente apaixonado pelo carisma e pela qualidade de um filme que não reservava, exatamente, questionamentos sobre sua grande qualidade, mas que mesmo assim mostrou-se, para mim, muito melhor do que o que eu imaginava. Estou falando do sucesso de Cannes em 2012, Moonrise Kingdom.



O enredo é simples e quase banal, mas a maneira como se desenrola é especial e cativante. O filme conta a história de um casal de jovens de apenas 12 anos de idade que decidem se encontrar em um local, marcado através de cartas pelas quais se corresponderam por um tempo, na ilha em que vivem e fugirem juntos. Partir para uma vida melhor, de novas perspectivas, longe das enfadonhas frustrações de suas vidas cotidianas. O menino, Sam, é um órfão que sente-se incompreendido e rechaçado pelo grupo de escoteiros ao qual faz parte. A menina, Suzy, sente-se incompreendida e injustiçada dentro de um meio familiar desestruturado.



A vida em fuga dos dois se inicia, mas logo é interrompida pelos adultos (policiais, chefe dos escoteiros, assistente social, familiares) que querem impedir que esta loucura infantil tomasse consequências trágicas. E, de fato, tragédias acontecem ao longo da trama. Não por parte dos garotos, mas da intromissão de outros em seus planos. O fato é que Sam e Suzy, apesar de guiados por sentimentos imaturos que definitivamente não levariam a nada de bom na vida real, tem uma segurança e uma coragem que contrasta com o descontrole dos adultos do filme, que não tem qualquer controle sobre suas vidas e são apáticos demais para procurar alguma nova direção – algo que os dois estão aptos e dispostos a fazer.



O interessante em Moonrise Kingdom é que é um filme extremamente diverso. Através de imagens e cenários belos, naturais e minuciosos, Wes Anderson conta uma história que nos dá um pouco de tudo: momentos de tristeza, momentos de comédia e momentos trágicos que são todos marcados por grande sensibilidade e carisma. A tristeza e a tragédia são pontos fundamentais tendo em vista o lado psicológico conflituoso das protagonistas. Os momentos de comédia são quase todos fundamentados no absurdo – marca registrada do trabalho de Wes Anderson. O romance também é um dos pontos altos da trama, tendo em vista que o filme se esforça a retratar o improvável casal com a máxima pureza de sentimento possível. Enfim, o filme é uma graça. Ah, além de tudo o elenco é fantástico.

Nota: 10






Lucas Moura

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