quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Piaf, um hino ao amor - a voz da França


Grande sucesso de 2007, a cinebiografia da cantora francesa Edith Piaf, considerada até hoje como a maior intérprete da música francesa, acompanha toda a trajetória de sua conturbada carreira e de sua vida agitada, passando por doenças, vícios, amores, separações trágicas, momentos de euforia, perdas e ganhos. Uma vida totalmente passional. 
Dessa forma, vemos a vida de Edith desde sua infância pobre tendo de conviver com uma mãe relapsa, um pai contorcionista e as gentis prostitutas do prostíbulo de sua avó, passando por sua juventude como cantora nas ruas de Paris, sua descoberta, ao acaso, por um importante nome da música francesa, seu treinamento de aprimoramento vocal, a construção da cantora Edith Piaf, substituindo a então conhecida como menina Piaf, cantora de cabarés e seu trágico fim, doente, fragilizada e incapacitada de fazer o que fazia sua vida valer a pena: cantar. 
Piaf, um hino ao amor (La vie en rose, 2007) não faz a construção da biografia da cantora de forma linear, mas sim, vai viajando entre diferentes fases de sua vida. O problema do filme é que a vida de Piaf foi muito movimentada. Muito mesmo. Então o roteiro não dá conta de mostrar tantos fatos e muitos acabam passando despercebidos ou não conseguem obter a atenção, por parte do filme como também dos espectadores, de sua real importância. Sua vida também foi muito sofrida. Muito mesmo. A quantidade de tragédias pessoais compõe uma lista imensa, e o filme faz questão de não nos poupar de nenhuma delas, tornando-se quase enfadonho. É tanto sofrimento seqüencial que chega a ser difícil acompanhar tudo e impossível de não sentir qualquer tipo de compaixão por Edith por trás do mito Piaf.
Não é um filme fantástico e está longe de ser impecável, mas numa coisa Piaf, um hino ao amor acerta em cheio: Marion Cotillard. Não poderia ter sido feita escolha melhor. A caracterização de Marion é extraordinária. Como ela interpreta Edith desde seus 20 anos até seus 50 (aproximadamente), quando faleceu aparentando ter bem mais de 70, a atriz é forçada a se transformar física e psicologicamente inúmeras vezes ao longo das pouco mais de duas horas do filme. E o faz brilhantemente. Certa vez vi uma crítica que dizia que “poucas vezes uma artista mergulhou tão fundo na alma de outro artista” e é verdade. Não vemos Marion, vemos Edith. Gestos, atitudes, a forma de cantar é tudo impecável. Quem vê Marion Cotillard dificilmente consegue ligá-la fisicamente a esta personagem, pois seu trabalho, bem como o de maquiagem e figurino a escondem totalmente para que só possamos ver Edith. Desta forma, o Oscar de melhor atriz de Marion Cotillard (por incrível que pareça, primeira atriz francesa a conseguir o prêmio) é totalmente justificável e louvável – o ideal seria um empate com Julie Christie por Longe dela, mas empates são bem raros na premiação da Academia.

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