domingo, 6 de janeiro de 2013

Top 10 - filmes em 2012

Assim como fiz ano passado, esse ano resolvi analisar tudo o que conferi nos cinemas e elaborar essa singela e pessoal lista dos 10 melhores filmes que vi, no cinema, em 2012. Só pra ressaltar, é uma lista pessoal, ou seja, são os filmes que eu achei mais interessantes, por diversos motivos, dentre os que assisti e esses não são, necessariamente, os melhores filmes do ano.

10. Frankenweenie - Eu adorava Tim Burton. Achava o trabalho dele o máximo e filmes como Edward mãos de tesoura e Beetlejuice realmente têm um grande significado pra mim. No entanto, de uns tempos pra cá eu vinha me decepcionando um pouco com ele. Dois dos seus trabalhos mais recentes, e que tiveram um destaque enorme, foram totalmente decepcionantes para mim. Confesso que não gostei da versão dele de Alice no país das maravilhas e que achei Sombras da noite bem mais ou menos. Sendo assim, quando soube que ele iria produzir uma nova animação, Frankenweenie, fiquei obviamente com um pé atrás. Porém, adorei o filme. Achei excelente. A história reverencia os grandes clássicos do terror, sobretudo Frankenstein, com todos os toques de comédia e elementos típicos atribuídos a Burton, de modo que esse filme é um retorno ao seu modo de fazer filmes estilo anos 90. Além disso, toda a parte técnica que alia a simplicidade do stop motion com a modernidade do 3D funciona muito bem, tornando-o visualmente interessante, tanto quanto A noiva cadáver e O estranho mundo de Jack. Vale muito a pena.

9. Prometheus - Um dos filmes que mais dividiu opiniões em 2012, Prometheus é a volta do diretor Ridley Scott ao ambiente futurístico e espacial onde concebeu uma das maiores obras-primas da ficção científica: Alien, o oitavo passageiro (1979). A semelhança entre Alien e Prometheus é absurda, logicamente, e este perde para o primeiro já que é difícil bater um clássico desse calibre. No entanto, é importante ressaltar que Prometheus pode sim sobreviver por si só. É um filme que tem clima (muito clima), intenso do começo ao fim, com direito a seqüências incríveis lideradas por sua protagonista/heroína (Noomi Rapace), elenco excepcional e efeitos especiais para ninguém botar defeito. Por mais que tenha defeitos no final e que sua conclusão seja mais fraca do que o modo como o filme se encaminhava, adorei o filme. Post aqui. 

8. Tudo pelo poder - Respeito George Clooney como ator e admiro seu trabalho como diretor. Sua visão na direção é mais voltada para dramas políticos de conteúdo e inteligência indiscutíveis. Em Tudo pelo poder, Clooney trabalha com um grande jogo de manipulação e intrigas veladas de um político que almeja o poder a qualquer preço. Em sua escalada, temos um jovem e idealista assessor, Ryan Gosling, um daqueles homens desconhecidos por trás de toda a maquinaria política, que também é um jovem idealista e que vai percorrer uma jornada por verdades indigestas e perda de moralidade. Vale muito apena conferir.
7. Os Descendentes - Desde que assisti Sideways – entre umas e outras (2005) sou fã do trabalho do diretor Alexander Payne. Depois de conferir As confissões de Schimidt (2002) e Eleição (1999) passei a esperar sempre filmes tão ácidos quanto divertidos de seus roteiros criativos e inusitados. Com Os descendentes, seu trabalho mais recente, temos a jornada de um viúvo (George Clooney) buscando aproximar-se de suas filhas enquanto deve resolver questões familiares a respeito de uma grande porção de terra nativa que pode vir a virar um grande complexo hoteleiro australiano. Os descendentes pode não ser tão ácido quanto seus trabalhos anteriores e é mais previsível e mais comportado, mas não deixa de ser uma ótima pedida.

6. O Impossível - A emocionante e visualmente incrível jornada de uma família inglesa para tentar se unir novamente após a catástrofe natural de 2004, onde tsunamis varreram o sudeste asiático, é um filme forte, intenso e impactante, com grande elenco e ótima direção. O impossível se sai bem de duas formas, primeiro com relação à parte técnica envolvendo a chegada das ondas e toda a destruição e desordem subseqüente, como também em sua função nítida de drama. Por mais que haja uma grande manipulação emotiva, um tema como esse permite isso, esse excesso sentimentalista não estraga o filme. Sou fã de Naomi Watts, ela é simplesmente fantástica e O impossível ainda nos traz um nome novo, o jovem Tom Holland, que muitas vezes rouba a cena de Watts e da tragédia em si com sua interpretação excelente. Post aqui.

5. Os Homens que não amavam as mulheres - Outro filme que gerou polêmica esse ano, a versão de David Fincher para o capítulo inicial da trilogia Millenium de Stieg Larson dividiu opiniões, sobretudo numa comparação entre esta versão e a versão sueca (tendo Noomi Rapace no papel principal). Bom, comparações à parte é um filme que gostei bastante. Claro que a história em si é exageradamente sórdida e mirabolante, passeando de abuso sexual a fascismo na Suécia moderna (é importante ressaltar que o movimento fascista sueco era – ou é? – muito forte), mas é importante mesmo perceber a incrível qualidade técnica do filme, garantida pela sempre primorosa e perfeccionista direção de David Fincher e a revelação de uma grande promessa para o cinema dos próximos anos: a jovem atriz Rooney Mara. Coube a ela a caracterização da dificílima e inesquecível Lisbeth Salander, o maior atrativo do filme e quem realmente nos mantém atentos pelas mais de duas horas do longa.

4. As aventuras de Pi - Rendo-me ao 3D. Nunca vi em um filme uma beleza visual tão impressionante quanto a de As aventuras de Pi, filme que conta a história de um jovem rapaz indiano e de sua grande aventura por mais de 200 dias como náufrago à deriva no meio do oceano, confinado num bote salva vidas na companhia, apenas de um tigre de bengala chamado Richard Parker, que é o terror que o mantém vivo e atento. Uma jornada espiritual, sim, mas o que realmente encanta são os efeitos especiais que impressionam qualquer um. Ang Lee elevou a tecnologia do 3D a outro nível, superior ao próprio Avatar (2009) de James Cameron, e cria mais uma de suas produções singulares. Um filme único. Acredite no extraordinário.

3. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge - A conclusão da já épica trilogia do homem morcego pelo ponto de vista visionário de Christopher Nolan, o melhor diretor surgido nos anos 2000, é uma jornada intensa do começo ao fim. Apresenta-nos um Batman (Christian Bale) fraco, abatido e fora de atividade que deve superar suas limitações físicas e mentais; um vilão que consegue causar mais caos a Gotham que o próprio Coringa (Heath Ledger); e uma vilã/mocinha sensual, esperta e forte, na nova versão da clássica Mulher Gato (eternizada por Michelle Pfeiffer e aqui interpretada por uma das melhores atrizes do momento, Anne Hathaway). Filme com ar de épico, muito bem dirigido, muito bem produzido, elenco perfeito e que fecha bem a trilogia, fazendo conexões diretas e indiretas com os dois longas antecessores. Não, não é melhor que O cavaleiro das trevas. Post aqui.

2. Drive - Ryan Gosling. Acho que ele é um ator que Hollywood realmente precisa no momento. Por ser um homem bonito e por ter começado em produções de romance (não vamos esquecer que ele é o protagonista de Diário de uma paixão), ele podia muito bem se limitar a fazer apenas esse tipo de filme que agrada muita gente (principalmente mulheres) e atrai muito dinheiro. Mas não. Pelas suas escolhas dá pra notar que há um considerável comprometimento com o valor da interpretação e com a profundidade da personagem. Só para dar alguns exemplos, primeiro ele vem com o solitário Lars (A garota ideal), depois com o problemático Dean (Blue Valentine, filme que deve causar aversão em casais apaixonados) e recentemente aparece como o protagonista sem nome, chamado apenas de Kid ou Driver, de um filme intitulado Drive feito por um diretor europeu (Nicolas Vinding Refn, vencedor do prêmio de direção em Cannes) que é uma das melhores coisas que vi no cinema nos últimos tempos. Fantástico. Um conto moderno e altamente violento sobre um homem misterioso e quieto, que trabalha como “motorista” e dublê de cenas de ação com carros, e sua necessidade de defender sua amada (Carey Mulligan) de grandes perigos que a cercam, e cercam seu filho, quase como se fosse um príncipe defendendo sua donzela indefesa. Drive alterna momentos propositalmente sublimes de romance envoltos a músicas cafonas dos anos 70 ou 80 com explosões pontuais de violência crua e pura que culminam para um final arrebatador. Fantástico. Post aqui.

1. A invenção de Hugo Cabret - Trabalho mais recente do diretor Martin Scorsese (um dos meus diretores preferidos), A invenção de Hugo Cabret traz uma áurea totalmente nova a seu trabalho, mostrando algo único em sua vasta filmografia, mas que, por mais distante que seja de clássicos como Touro indomável e Taxi driver, não deixa nada a dever a outros grandes filmes do diretor e é uma produção excepcional do começo ao fim. Através da obsessão de um garoto órfão por concluir um trabalho deixado pelo seu pai, somos levados a uma aventura (em ótimo 3D) que nos leva muito além da estação de trem de Paris, mas sim para dentro da história do cinema em si quando uma das personagens envolvidas na trama é o próprio George Mélies. Para quem não sabe, Mélies é um dos maiores nomes da sétima arte, tendo sido o pai dos efeitos especiais no cinema que caminharam até o que vemos hoje (As aventuras de Pi não seriam nada sem ele). Dessa forma, o filme passeia pelos primeiros anos do cinema e pelo encantamento que este trouxe, e traz, para o mundo e para as pessoas. De todas as homenagens que Scorsese prestou a sua grande paixão, A invenção de Hugo Cabret é a maior, mais direta e mais encantadora. A mixagem de personagens reais com situações fantasiosas é quase um misto de diversão e informação, dando um caráter quase didático à produção. Filme excepcional que, a meu ver, deveria ter levado o Oscar de melhor filme e/ou melhor diretor. Post aqui.


Lucas Moura

Nenhum comentário:

Postar um comentário