domingo, 11 de novembro de 2012

Amanhecer - o fim da picada. Ou da mordida?

Depois do épico (só que não) fim de Eclipse, em que Bella sobreviveu ao ataque de Victoria e sua trupe de jovens vampiros anencéfalos, a heroína (err...) e seu amado Edward resolvem que não adianta adiar o inevitável e resolvem se casar e assim oficializar o gigantesco, fortíssimo e sonolento amor deles. Então eles se casam na propriedade dos Cullen e logo depois viajam ao Brasil para passar a lua de mel em Angra dos Reis, numa ilha particular de Esme, "mãe" de Edward. A grande expectativa ai, claro, é a noite de núpcias do casal. Quem sabe agora a estória esquenta? Bem, até que começou a esquentar. Estavam os dois na praia, sob o sol, aquela vista e pá, e depois de tanto mar e Edward fazendo cosplay de Fada Sininho brilhando diante da luz, vem a vontade e os dois vão para o quarto. Essa é a hora em que o vampiro deveria jogar sua esposa na cama e gritar "se prepare que eu quero lhe usar", mas não. Todo delicadinho, começa o beija beija, o passa mão... e acaba o capitulo, pulando direto pro dia seguinte.
A songa monga da autora, que outrora descrevera coisas bestas como beijos e toques ao longo de vários parágrafos, foi incapaz de botar um pouco de baixaria em seu mundo cor de rosa (mas sem problemas, assim que Black style gravar um cd em inglês eu mando pra ela). Bem, ainda em Angra Bella começa a se sentir mal e imediatamente retorna a Forks com Edward. Os dias passam e ela só piora; dores no corpo, enjoo, tontura... estava grávida. E nada dos sintomas desaparecem. Isso porque o bacuri estava devorando a mãe por dentro, o que indica que ela era parte vampira. Jacob, o lobisomem tarado, dá a ideia de que o feto precisava de sangue; Carlisle então compra sangue humano no mercado negro (:o) e Bella o toma, e não é que deu certo?
Agora uma pausa pra reflexão: se vampiros são seres mortos cujos corpos são imutáveis, como diabos Edward produziu espermatozoides vivos para engravidar Bella? E outra, essa é uma das gestações mais rápidas que a mãe Natureza concebeu: acho que nem durou 4 meses. Mais rápida que isso, só se Bella parisse na nidação*.
Bem, o fato é que a gravidez de Bella preocupou os Cullen, já que ela estava morrendo por isso, e o clã de lobisomens, que via o nascimento do bebê como a chegada de um monstro que precisava ser destruído. A coisa esquenta e a tensão paira sobre as florestas de Forks; não lembro se no livro chega a haver luta, mas no filme há sim. Enfim, nasce o cãozinho, uma menina chamada de Renesmee (René, mãe de Bella + Esme, mãe de Edward), mas Bella não resiste ao parto e morre (uhu!), mas Edward imediatamente injeta seu veneno nela para que seja feita a transformação da moça em vampira.
Um fato importante é que Jacob, assim que viu Renesmee, teve uma "impressão" - um acontecimento na vida de todos os lobisomens, em que eles se apaixonam por determinada mulher e esta se torna o eixo de sua vida (zzzzz). Bem, Bella passa três dias em sofrimento e acorda, mais bonita do que nunca (não haha) e toda trabalhada nos superpoderes vampirescos. Pra adiantar a história, o novo foco do livro começa quando uma vampira que era amiga dos Cullen descobre a existência de Renesmee, que provavelmente era a primeira mestiça de todos os tempos e conta isso aos Volturi, a "família real" dos vampiros. Carlisle recebe  dos Volturi uma carta exigindo explicações, que serão recebidas pela própria família Volturi e seus servos quando estes chegarem a Forks no próximo inverno.
Claro que o plano dos Volturi, que não valem nada, é destruir os Cullen. Carlisle e alguns de seus filhos resolvem viajar pelo mundo procurando antigos amigos e demais vampiros ousados o suficiente para se juntar a ele, desafiando a aristocracia Volturi. Na volta a Forks eles trazem um bocado de vampiros que passa a treinar seus poderes aguardando a luta; Bella, que descobrira seu poder, um escudo contra ataques psicológicos e físicos, começa a tentar expandir sua proteção ao outros. Reforçando o pequeno exército temos o clã de lobisomens de Jacob, que decide superar as diferenças com os Cullen em nome da proteção da região.
Ufa! Enorme esse enredo. Imagine o esforço que não é ler isso tudo. Mas de tão tosco, Amanhecer (Breaking Dawn, 2009) é engraçado. Muito! Primeiro com as passagens da noite de núpcias, com camas quebradas (ui, pentada violenta), depois a história da gravidez relâmpago de Bella, o amor de Jacob pelo bebê, o bebê (kkk), o clã de Jacob e claro, a não-guerra entre Cullens e Volturi. Santa Mãe! Meyer é tão insossa, tão afetada, que nem aqui ela dá um presentinho pro leitor com uma luta, destruição e membros amputados. Qual nada! Os Volturi chegam, tem uma conversa interminável e tensa, e depois vão embora de boas. O que há de errado em uma guerra? O que?
Talvez o maior defeito de Amanhecer seja a incoerência com os três livros anteriores e até com ele mesmo. Incoerência esta que se manifesta nas características principais de vampiros e lobisomens, como a citada anteriormente sobre a imutabilidade e ausência de vida do corpo de vampiros, e mesmo assim Bella engravida de um. Aqui continua o caráter meloso dos anteriores, principalmente entre Bella-Renesmee e Bella-Edward, adianto logo que a última passagem vai arrancar milhões de "oowwn" das fãs pelo mundo quando Amanhecer parte 2 chegar aos cinemas. Falando nisso, a divisão em partes, que não teve outro motivo senão o financeiro, exigiu dos produtores que esticassem cada metade do livro no filme, aumentando o tempo das passagens fofinhas e imbecis. A parte 1, que eu tive o desprazer de ver ontem, vai até a transformação de Bella - muito pouco enredo esticado em quase duas horas de filme, prolongando momentos inúteis e entendiantes.
E assim se encerra uma das piores e mais lucrativas séries literárias / cinematográficas dos últimos tempos. O jeito agora é rezar pra são João Guimarães Rosa e demais divindades do Olimpo pra que tão cedo não apareça outra dessa.
*Nidação: evento posterior à fecundação em que o zigoto se fixa à parede interna do útero.

Leia também: Eclipse
                      Lua nova
                      Crepúsculo

Luís F. Passos

Um comentário:

  1. AMEEEEI sua crítica! Não é apenas um "odeio mesmo e vou esculhambar", realmente tem argumentos sobre "porque odeio e vou esculhambar" kkkk. Adorei mesmo!

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