quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma manhã gloriosa - a comédia vai aos noticiários da manhã

Becky (Rachel McAdams) é uma jovem promissora que trabalha em programas matutinos e que acaba de ser demitida do seu emprego justamente no momento em que esperava por uma promoção.
Desempregada, ela começa a enviar seu currículo para todos os jornais possíveis, obtendo resposta, apenas da equipe de produção do programa de pior audiência da manhã: o Daybreak. O Daybreak é um programa de mais de 40 anos, tendo certa tradição no horário, mas que simplesmente não funciona. Não funciona pela total desorganização da equipe, pela falta de interesse destes, pela antipatia de um de seus apresentadores (interpretado por Ty Burrel, o Phill da série Modern Family) e pela grande audiência de outro programa similar de outra emissora, o Today, que há muito domina a audiência do período e que é o emprego dos sonhos de Becky.
Movida pela necessidade e pelo desejo de crescer profissionalmente, a moça decide assumir o desafio de pôr ordem à Daybreak, passando por diversas provações. A primeira delas é demitir o antigo âncora e conseguir outro que chame mais público. É aí que ela consegue que Mike Pomeroy (Harrison Ford), um jornalista histórico que cobriu eventos importantíssimos no século XX e que agora se encontra desempregado, ocupe a vaga de âncora do Daybreak. Por mais que não esteja em seus melhores dias, Pomeroy é absurdamente arrogante, egocêntrico e pretensioso, e julga tudo e todos no Daybreak como uma bobagem gigante, negando-se a participar efetivamente do programa e a ajudar a dedicada Becky. A outra âncora do programa, Collen Peck (Diane Keaton), não fica muito atrás da antipatia de Pomeroy. Apesar de se propor a fazer várias atividades, das mais sérias às mais ridículas (é até divertido ver Diane Keaton cantando rap e dançando balé com a maior cara de apresentadora da RedeTV), Collen é igualmente egocêntrica e incrivelmente superficial, tornando-se alguém muito difícil com quem trabalhar. 
Além de ter de lidar com essas duas peças, Becky vai ter que fazer de tudo para impedir que o Daybreak saia do ar, pois os níveis de audiência estão baixando cada vez mais. Para isso, ela precisa inovar o programa. É aí que surge o problema de Uma manhã gloriosa (Morning glory, 2011). A solução obtida por Becky para tentar driblar os problemas de audiência é transformar um programa tolo em uma bobagem sem limites. Ela se mostra, então, uma profissional extremamente sensacionalista. Por mais que programas de TV desse horário sejam repletos de futilidades, o Daybreak peca pelo excesso delas. Além de ser sensacionalista, Becky passa a ser admirada e respeitada por seus colegas de trabalho justamente por essa característica que, teoricamente, deveria ser um defeito. Por mais que ela sempre tenha tido a intenção de fazer algo para divertir as pessoas, há uma perda de qualquer comprometimento com uma forma mais séria de jornalismo, a qual ela parecia querer aliar, em parte, à banalidade do noticiário. O pior é que tudo isso não soa num tom irônico, como se fosse uma crítica ao que acontece na mídia televisiva, e sim como uma valorização da superficialidade televisiva.
Somado a esse problema, ainda tentam forçar um romance, envolvendo Becky e outro funcionário da emissora (Patrick Wilson, desperdiçado) que é relativamente desnecessário, e também um drama com Pomeroy que não dá muito certo.
Uma manhã gloriosa não é um filme ruim propriamente dito. Tem esses defeitos que falei acima, mas mesmo assim é capaz de agradar e distrair. De fato, a primeira metade do filme é mais interessante, com piadas inteligentes e bem colocadas e o roteiro é bacana. Não é um filme que te faça querer desligar a televisão, sair do cinema ou querer dormir, mas também não é nenhuma maravilha. É bonzinho.
O que ele tem de mais interessante é mesmo seu elenco. Apesar de ter algumas falhas na metade final, as personagens são boas. Os atores principais, Diane Keaton, Harrison Ford e Rachel McAdams, interpretam papéis diferentes do que já haviam apresentado anteriormente e brincam de construir estereótipos. Keaton e Ford são agradavelmente insuportáveis e constroem uma relação de amor e ódio que gera momentos impagáveis, mas é a jovem Rachel McAdams quem domina o filme do começo ao fim.

Lucas Moura

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