sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Quanto mais quente melhor - we wanna be loved by Marilyn


A ideia de dois homens que têm que se vestir de mulher para salvar suas vidas não é muito atraente num filme por ser um pouco clichê. Mas se eu disser que esses dois homens são Tony Curtis e Jack Lemmon? E que a direção e roteiro são do genial Billy Wilder? E principalmente, se eu disser que a outra protagonista do filme é Marilyn Monroe? Aí eu tenho certeza que a coisa fica muito mais interessante.
Joe (Curtis) e Jerry (Lemmon) são dois músicos sem eira nem beira, dois pobres coitados que tocam respectivamente sax e contrabaixo. Numa noite em que se preparavam para fazer uma apresentação numa cidade próxima a Chicago, eles presenciam o massacre de uma gangue feita por um criminoso famoso chamado Spats Colombo (George Raft). Claro que gângsters não gostam de testemunhas, e é por pura sorte que Joe e Jerry conseguem fugir, decidindo ir para o lugar mais longe possível. A oportunide aparece quando eles descobrem que uma banda precisava de alguém pra tocar sax  contrabaixo em Miami - mas tinham de ser mulheres.
Os dois músicos se disfarçam de mulheres; Joe se torna Josephine e Jerry, Daphne. Logo no trem para a Flórida eles conhecem Sugar (Marilyn), uma loira escultural que toca guitarra havaiana e canta. Sugar é meio cabeça oca, e sonha encontrar um cavalheiro milionário que a faça feliz, já que suas experiências amorosas se resumem a músicos, principalmente saxofonistas, que prometem o mundo mas fogem na primeira oportunidade. Essa má sorte no amor faz com que ela tenha um carinho especial por uísque, e é numa situação muito engraçada envolvendo a bebida que ela se torna amiga de Josephine e Daphne.
Enquanto Joe parece aceitar bem o disfarce, Jerry, na primeira oportunidade, se veste como um milionário e usando o nome Shell Jr passa a seduzir Sugar. Enquanto isso, Josephine passa a ser cortejada por um milionário setentão muito animadinho, que mesmo com a rejeição da "moça" não desiste de conquistá-la.
Quanto mais quente melhor (Some like it hot, 1959) é considerado a melhor comédia de todos os tempos desde que foi lançado, e não é pra menos. Não tenho dúvida de que é um dos filmes mais engraçados que já vi. Billy Wilder soube alternar muito bem o humor pastelão com os diálogos brilhantes, que são sua marca registrada. É impossível não rir da cena em que Jerry, vestido como Daphne, tenta seduzir Sugar no meio de várias mulheres que estavam numa só cama, ou quando o mesmo diz a Joe que está noivo do milionário tarado.  Jack Lemmon era tão bom que só de ver Daphne tocando contrabaixo dá vontade de rir.
E quanto a Marilyn... ah, Marilyn! Aqui ela está muito mais sedutora que em O pecado mora ao lado (1955). Primeiro porque aqui temos a famosa passagem em que ela canta "I wanna be loved by you",  deixando qualquer um boquiaberto. Além disso, Sugar é intencionalmente sexy, doida pra casar com um milionário. Mesmo estando grávida e com o peso acima do normal -mal dá pra perceber- Marilyn tá um pitel, com aquele misto de ingenuidade e sensualidade que não tem igual.
O primeiro filme de Billy Wilder que vi foi The apartment (1960), tambem com Jack Lemmon, que foi vencedor do Oscar de Melhor filme. É uma comédia de costumes incrível, que foi automaticamente pra lista de meus filmes preferidos. Eu achava que era o melhor filme de Wilder, mas depois de ver Quanto mais quente melhor, fiquei em dúvidas. Só me resta recomendar ambos, com a garantia da satisfação diante do legado de um dos melhores diretores da história de Hollywood.

Leia também: O pecado mora ao lado

Luís F. Passos

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