quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Escorpião de Jade - Woody Allen em comédia investigativa

No departamento investigativo de uma empresa de seguros, trabalha C.W Briggs (Woody Allen), um funcionário admirado por todos pelos seus longos anos de serviço e por ter solucionado diversos roubos que pareciam indecifráveis. A única pessoa que não parece gostar de Briggs é a Srta. Fitzgerald (Helen Hunt). Os dois simplesmente se odeiam. Brigam por qualquer motivo e parecem ser o oposto um do outro. Por trás de tanto ódio, no entanto, há uma atração. 
A primeira guinada de O escorpião de jade (The curse of the Jade Scorpion, 2001) se dá durante uma festa da empresa onde todos os funcionários se reúnem em um clube, onde está acontecendo um show de mágica. Durante o show, o mágico chama Briggs e Fitzgerald para serem suas cobaias, e os dois são hipnotizados. Ao contrário do que parecia, ao fim do número, os dois continuaram sob o efeito da hipnose, e toda vez que ouvissem as palavras Constantinopla (no caso de Briggs) e Madagascar (no caso de Fitzgerald) entrariam em transe. Essa escolha do mágico não foi aleatória: tudo fazia parte de um plano ardiloso (porém, meio estúpido) de hipnotizar Briggs para que esse roubasse jóias de famílias ricas asseguradas pela empresa.
Como nenhum crime é perfeito, pequenas pistas e detalhes levam investigadores a terem certeza de que Briggs é o ladrão das jóias, apesar deste simplesmente não se lembrar de nada (após os roubos ele é retirado de seu transe e não se lembra de nada do que ocorreu). Briggs é forçado, então, a provar sua própria inocência e, nesta jornada, acaba tendo que conviver, conhecer e se aproximar de Fitzgerald, igualmente envolvida na onda de crimes.
O escorpião de jade é considerado por muitos como o pior filme de Woody Allen. De fato, é um filme que realmente não quer dizer nada. Temos um casal, Briggs e Fitzgerald, que segue a linha de relacionamentos improváveis na qual Allen tanto gosta de trabalhar que é responsável por praticamente todas as tiradas divertidas do filme. Isso não é algo imprevisível, visto que o diretor/roteirista é quase imbatível em termos de construção de diálogos, ainda mais contando com a presença de Helen Hunt. Os dois têm uma química bem interessante e que poderia ter se repetido em algum outro trabalho sem problemas. Quem também compõe o elenco são os atores Dan Aykroyd e Charlize Theron, em uma participação tão curta quanto marcante.
Fora esse elemento, não há muitos atrativos. Apesar de ser uma investida do diretor em usar toques de cinema noir (a história se passa em 1940, década na qual o cinema noir surgiu como um novo estilo através do filme Pacto de sangue, de 1945) em uma comédia, a história em si é besta, a resolução do caso é tão repentina que soa meio forçada e o filme não acrescenta nada à filmografia do diretor. Não leva a nenhuma reflexão, a nenhuma análise, a nenhum estudo sobre a personalidade das personagens... enfim, nada demais. É simplesmente um filme divertido para se entreter por pouco mais de 90 minutos.
Resumindo, é isso que O escorpião de jade é: bem-humorado, porém tolo.

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