segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Poucas e boas - no ritmo do jazz

Quem acompanha a carreira de Woody Allen sabe que o diretor é um fã de jazz. Ele mesmo toca em uma banda e gosta tanto da música que preferiu ir fazer um show a ir ao Oscar de 1977, onde terminou sendo premiado a melhor diretor e melhor roteirista por Annie Hall. O jazz tem presença marcante em sua filmografia, mas jamais aparece em tamanho destaque quanto em Poucas e boas (Sweet and lowdown, 1999).
O filme acompanha a trajetória do ex-cafetão, egocêntrico, excêntrico e genial violonista Emmet Ray (Sean Penn) que considera a si mesmo o segundo melhor violonista do mundo (atrás apenas de seu ídolo, Django). Emmet ama seu violão e sua música. Parecem ser as coisas que mais importam para ele, mais importante, inclusive, que as pessoas que estão ao seu redor. Esse egocentrismo e essa fixação pelo seu próprio mundo acabam a afastar Emmet de pessoas importantes e de seus próprios sentimentos que são transpostos e disfarçados nas músicas que ele compõe. Sufocar sentimentos de uma vida sofrida e intensa é, ao mesmo tempo, o que sustenta seu talento e o que o impede de se igualar a seu ponto de referência, Django, famoso por se entregar totalmente em suas músicas.
Figuras muito importantes de sua vida são as duas mulheres com quem se envolveu por mais tempo: Blanche e Harriet. Blanche (Uma Thurman) é uma sensual e elegante mulher vinda de família rica que tem um grande interesse pela figura de Emmet. Um interesse quase jornalístico, a ponto de acompanharmos várias descrições dele feitas por ela. Harriet (Samantha Morton) é a mulher mais importante da vida de Emmet. Foi com ela que ele passou mais tempo e ela foi quem mais o marcou. Uma mulher doce, simples e inocente que, apesar de não dizer uma só palavra durante todo o longa (é muda mesmo) é super carismática. Ela ama Emmet e é apaixonada por suas canções.
Fato interessante no filme: ele é apresentado quase como um documentário. De tempos em tempos, as cenas são interrompidas e, às vezes, previamente apresentadas por apaixonados por jazz e fãs do músico. Uma dessas pessoas, é claro, é o próprio Allen.
Poucas e boas recebeu duas indicações ao Oscar: melhor ator (Sean Penn) e melhor atriz coadjuvante (Samantha Morton).

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