quinta-feira, 19 de julho de 2012

Johnny e June - “because you’re mine, I walk the line”

O filme acompanha a trajetória de vida do cantor Johnny Cash (Joaquin Phoenix) passando por basicamente todos os altos e baixos da vida do cantor. Desde uma infância pobre, colhendo algodão junto à família, o início de seu gosto pela música, influenciado pela mãe, a perda trágica do irmão mais velho que só fez aumentar a relação conflituosa dele com seu pai, os primeiros anos de sua carreira, seu casamento fracassado, infeliz e distante com Vicky, seus primeiros grandes sucessos como Cry, Cry, Cry, a fama surpreendente, a riqueza e, como é corriqueiro em biografias, sempre tem uma hora que tudo começa a dar errado. No caso de Johnny, seu envolvimento com álcool e seu vício em remédios quase pôs fim em sua carreira estragando várias turnês. 
O que o fez se erguer de novo? Ninguém mais que June Carter (Reese Witherspoon), cantora e comediante com um escandaloso (levando em consideração que a história se passa nos anos 50 e 60) histórico de divórcios, vinda de uma família famosa e que fazia sucesso desde a infância que fez parte da banda de Johnny por vários anos, saindo junto com o grupo em inúmeras turnês, e por quem Johnny além de ser apaixonado tem uma enorme admiração e respeito. Além de serem melhores amigos.
Johnny e June (Walk the line, 2005) é um bom filme. Apesar de ser uma cinebiografia de uma celebridade controversa e cheia de crises, não é choroso e nem depressivo, mesmo nas horas mais difíceis de Johnny. É uma história bonita de amor e de amizade entre duas pessoas e de como essa relação foi capaz de contornar problemas sérios que acabariam com a vida de qualquer um. Aliás, o nome do filme, Walk the line, se refere a uma música do cantor inspirada numa briga entre ele e June, quando ela diz que ele não conseguia andar na linha. 
Joaquin Phoenix (indicado ao Oscar de melhor ator por esse filme) é o maior destaque no longa, e sua interpretação como o complicado Cash é muito precisa em todos os momentos, felizes ou tristes, e ele sempre mantém uma postura que é a cara da personagem. Mas as melhores partes do filme ficam a cargo da interação entre o casal, sintonia ótima aconteceu entre Joaquim e Reese Witherspoon, que interpreta June. Ao mesmo tempo em que é engraçada e preocupada com valores morais e sobre como o público vai lidar com suas atitudes, June também é uma mulher muito forte e corajosa, capaz de viver cercada de homens e de assumir a responsabilidade enorme de salvar o amigo. Pelo filme, Reese Whiterspoon recebeu seu controverso Oscar de melhor atriz - praticamente todo mundo acha que Felicity Huffman (Transamerica, um filme ótimo) e Charlize Theron (Terra fria, outro grande filme) eram opções mais viáveis - que infelizmente não fez grandes mudanças na carreira da atriz. Gosto dela, apesar de ela me lembrar um pequinês e propagandas da Avon, mas acho que Johnny e June é a prova de que ela deveria investir mais no seu lado dramático e largar um pouco as comédias românticas sem sal que tanto faz.

Lucas Moura

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