domingo, 15 de julho de 2012

Batman: O Cavaleiro das Trevas - why so serious?

Continuando o que já havia começado em Batman Begins (2005), Cristopher Nolan lança, em 2008, o segundo filme de sua sequência de longas sobre o herói. Em Batman: O cavaleiro das trevas temos Gotham como uma cidade aparentemente mais limpa, devido ao trabalho intenso de Batman (Christian Bale) contra os meliantes da cidade, mas ainda dominada por criminosos e mafiosos. O herói, no entanto, assume a clássica posição de divisor de opiniões entre a população de um modo geral, enquanto uns o encaram como um defensor da justiça, outro o encaram apenas como mais um fora da lei (ao contrário de Homem-aranha, que adora bater nessa tecla, aqui a temática é um pouco mais sutil).
O filme se inicia a partir de um assalto a um banco, com o roubo de uma enorme quantia de dinheiro de uma poderosa máfia com conexões em Hong Kong. Esse roubo foi praticado por um novo bandido na cidade, chamado de Coringa (Heath Ledger), devido a suas cicatrizes no rosto e a maquiagem bizarra e borrada que ele usa. Diferente da maioria dos bandidos da cidade, ele não está simplesmente interessado em dinheiro. A motivação dele é promover o caos. Levar a cidade e todas as pessoas nela a um estado de anarquia baseada em medo e violência. Para alcançar seus objetivos e ganhar seu próprio joguinho de destruição, ele precisa acabar com dois alvos principais: primeiro, a figura do próprio e, principalmente, o bonzinho e bem intencionado promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart). Harvey é um homem motivado a construir uma Gotham mais segura e livre da criminalidade. Aparentemente incorruptível, ele é um símbolo de esperança para a cidade e um alvo perfeito para o Coringa, afinal, conseguir destruí-lo, principalmente sua imagem de “o herói que Gotham precisa” tiraria toda e qualquer esperança da população em um futuro melhor. Ou seja: caos. Para intrincar ainda mais a situação, Harvey está totalmente apaixonado por Rachel Dawes (antes interpretada por Katie Holmes, aqui interpretada por Maggie Gyllenhaal), a amada do nosso caro Bruce, e esse amor leva a tomada de atitudes extremas.
Ainda bastante envolvidos na trama temos os bons e velhos ajudantes de Bruce, Lucius (Morgan Freeman) e Alfred (Michael Caine) e o agora tenente Gordon (Gary Oldman), que apóia Batman em todos os momentos, está sempre motivado a enfrentar o Coringa e tem uma importância decisiva no desenrolar da trama.
Superando o sucesso de Batman Begins, O cavaleiro das trevas (The dark Knight, 2008) é realmente muito melhor. O primeiro tem um grande foco no início do mito que é a figura de Batman, sua origem e suas motivações são muito exploradas pelo filme. Aqui não. O cavaleiro das trevas é ação, ação, ação. As relações entre as personagens são importantes, obviamente, e também são muito bem tratadas, mas é óbvio que o que chama mais atenção são as sequências incríveis de luta e de perseguição, bem como o desenrolar dos “planos” do Coringa e das estratégias policiais tentando detê-lo a todo o momento. De todas as cenas excelentes num filme que é, como um todo, excepcional, as que envolvem o Coringa são as melhores. Todas elas são fantásticas. O trabalho que Heath Ledger fez com a personagem consegue superar, e muito, o que Jack Nicholson havia feito com o seu próprio Coringa, na versão de Batman de 1989 (dirigida por Tim Burton e com Michael Keaton no papel do protagonista) e isso não é pouca coisa. Ledger conseguiu dar uma grande profundidade ao papel criando uma personagem que leva o sadismo a níveis extremos. Ele é cruel, violento, estranhamente irônico e desequilibrado e ao mesmo tempo consegue ser uma pessoa extremamente inteligente e com uma capacidade incrível de  provocar e controlar o caos (se é que isso é possível). Sua mentalidade é simplesmente perturbadora e exigiu de Heath Ledger toda uma transformação psicológica e física (as feições do Coringa são assombrosas. Aquela maquiagem e aquelas cicatrizes são terríveis).
O resto do elenco é muito bom, claro. Contando com nomes de peso como Michael Caine, Morgan Freeman, Maggie Gyllenhaal, Christian Bale e, principalmente Gary Oldman e Aaron Eckhart (que pra mim são os que chegam mais próximo do nível de atuação de Ledger no longa) não teria condições de ser diferente. Porém, por uma total entrega ao extremismo de sua personagem, Heath Ledger é, de longe, a melhor coisa no filme. Rouba totalmente a cena, principalmente do protagonista Christian Bale (mais ou menos o que o próprio fez em O vencedor), e saiu vencedor do Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (infelizmente, uma premiação póstuma, afinal, como todos sabem, o ator faleceu pouco depois das filmagens desse que é, de longe, seu melhor trabalho).
O diretor e roteirista Christopher Nolan afirmou mais uma vez com esse filme sua posição como um dos melhores diretores da atualidade, com uma grande capacidade de criar filmes que alinham: histórias complexas, personagens intensas e ação de tirar o fôlego. Não tem como não curtir.

Lucas Moura

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