domingo, 31 de julho de 2011

O Estrangeiro

Em O Estrangeiro, mais importante que o enredo é o conteúdo. Por isso que  esse livro, meio pequeno em número de páginas, é gigante em seu valor literário. Coisa que não surpreende quando se trata do argelino Albert Camus (1913-1960), romancista, dramaturgo, ensaísta e filósofo. Camus se tornou um dos maiores escritores do século XX usando como tema o absurdo; a alienação e o desencanto do homem no pós guerra. Sua contribuição à literatura foi reconhecida várias vezes, inclusive com o Prêmio Nobel de Literatura em 1957.
O Estrangeiro é dividido em duas partes. Na primeira, o leitor conhece o protagonista, Meursault, um ateu que mora em Argel e que é aparentemente desprovido de emoções - especialmente aquelas que são esperadas pelos outros, como a compaixão. A história é narrada em primeira pessoa, o que ajuda o leitor a entender a proposta do autor. Logo no início do livro a mãe de Meursault, que vivia num asilo, morre, e ele não demonstra nenhum pesar. Voltando do enterro, encontra Marie, uma antiga colega de trabalho, com quem inicia um relacionamento (ela por sentimentos, ele por necessidade física). Seu desapego emocional é mostrado outra vez quando Marie lhe pergunta se deseja oficializar a relação e ele diz que tanto faz.
Meursault conhece um homem chamado Raymond, e é na casa de praia deste que acontece o principal fato da narrativa: Meursault mata um árabe praticamente sem motivo.
A segunda parte é a mais importante. Preso, Meursault não demonstra o mínimo arrependimento, e segundo ele, matou o árabe porque "lhe veio a vontade". Tal atitude deixa perplexos o promotor e os juízes, e é a recusa dele em sentir remorso e seu aspecto sentimental subumano que o condena, pois o jovem foi considerado um perigo para a sociedade. Condenado à decapitação, Meursault nem assim se abala, aceitando a pena em paz consigo mesmo.
O livro, ao lado de A peste, é o mais conhecido de Camus, etambém o melhor, na opinião de muitos. A conduta de Meursault resume bem a obra e a convicção do escritor argelino: a apatia da personagem é o que merece destaque, chegando a ser comparada a elementos da obra de Kafka e rendendo, até hoje, muita discussão para literários, filósofos e afins. Gigante na sua simplicidade, é sem dúvida um dos melhores livros que já li.

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