segunda-feira, 23 de maio de 2011

João Guimarães Rosa


Tá aí  um de meus escritores preferidos, e o que acho mais genial. Guimarães Rosa. JG. O cara que transformou a prosa brasileira e também a universal, fazendo parte da revolução literária no século XX.
Guimarães Rosa (Joãozito, para os parentes) nasceu em 27 de junho de 1908, na cidade mineira de Codisburgo, a "cidade do coração". Desde criança, gostava de ficar em seu quarto, lendo sem ser interrompido.  Aos seis anos de idade leu o primeiro livro em francês, desde então mostrando sua grande habilidade com idiomas. Anos depois aprendeu holandês com um frade franciscano, e ao ingressar num colégio de Belo Horizonte, aprendeu alemão. Com apenas dezesseis anos entrou na Faculdade de Medicina, onde se formou em 1930, com vinte e dois anos. No mesmo ano casou-se pela primeira vez, com Lígia Cabral Penna, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. O casamento durou apenas poucos anos.
Depois de formado, Guimarães se mudou para Itaguara, sendo um pioneiro da interiorização da medicina. Em 1932 participou da Revolução Constitucionalista ao lado das tropas legalistas, onde servia como médico. Foi na ocasião em que conheceu Juscelino Kubitschek, que era capitão-médico da PM de Minas e que se tornou seu amigo. Acreditando não ser capaz de aliviar a dor das pessoas, Guimarães frustrado, abandona a medicina em 1934, prestando concurso para o Itamaraty, onde obteve o segundo lugar, iniciando uma carreira brilhante na diplomacia.
Em 1937 inscreveu seu primeiro livro de contos no concurso literário Humberto de Campos, sob o pseudônimo de Viator. Ficou em segundo lugar. Só em 1946, depois de alguns cortes e adaptações, ele lançou o livro, com o título de Sagarana.
Em 1938 foi enviado à Alemanha para ocupar o cargo de cônsul adjunto (vice-cônsul) em Hamburgo. Foi aí que conheceu Aracy de Carvalho, com quem se casou posteriormente. Aracy era a responsável pela seção de passaportes no consulado, onde salvou a vida de centenas de judeus, enviando-os para o Brasil. Guimarães, quando descobriu, ajudou sua mulher. Tal atitude do casal foi reconhecida pelo Estado de Israel, que os homenageou incluindo seus nomes no Jardim dos Justos entre as Nações, homenagem dada àqueles que contribuíram com o povo judeu durante o Holocausto.
1946 foi o ano em que Guimarães surpreendeu público e crítica com o lançamento de Sagarana, que tinha três contos e duzentas páginas a menos daquele apresentado em 1937. O segundo livro só chegou dez anos depois: Corpo de Baile, um ciclo de novelas que em sua terceira edição foi dividido em três partes: Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do Sertão. Meses depois foi lançada a obra-prima do autor, seu único romance, Grande Sertão: Veredas. O livro foi eleito um dos cem mais importantes do século XX. É nele que Guimarães consegue um feito memorável: universalizar o regional; usar o ambiente sertanejo para expressar aspectos humanos como amor, ciúme, medo, traição e saudade.
O livro seguinte foi Primeiras Estórias (1962), livro de contos que inclui A terceira margem do rio, um dos mais famosos e estudados contos do autor. Eleito para a Academia Brasileira de Letras por unanimidade em 1963, decidiu adiar a posse, por uma estranha superstição. Em 1967 foi lançado Tutaméia, terceiras estórias, livro que, segundo a crítica, resume a obra rosiana. No mês de novembro do mesmo ano, Guimarães deciciu tomar posse na ABL, o que aconteceu do dia 16. No discurso de posse homenageou a cidade natal Codisburgo e o amigo João Neves da Fontoura.
No dia 19 de novembro de 1967, aos cinquenta e nove anos de idade, João Guimarães Rosa sofreu um ataque cardíaco em sua casa em Copacabana, quando estava sozinho. Nesse ano o autor seria indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, o que não aconteceu devido ao seu falecimento. Guimarães deixou um legado de nove obras literárias, além de uma importante carreira diplomática e uma inspiradora história pessoal. Poliglota (falava oito línguas, conseguia ler quatro e era entendido de muitas outras), usou seu conhecimento linguístico para compor em seus livros uma linguagem única, resultado do encontro do falar simples do sertão com as normas acadêmicas.

Bibliografia:
- Magma (1936), contos e poemas
- Sagarana (1946), contos
- Com o vaqueiro Mariano (1947), reportagem poética
- Corpo de Baile (1956), reunião de novelas que em 1963 foi dividido em três partes:
     - Manuelzão e Miguilim
     - No Urubuquaquá, no Pinhém
     - Noites do Sertão
- Grande Sertão: Veredas (1956), romance
- Primeiras estórias (1962), contos.
 - Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos
 - Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma
 - Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.

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